Perco-me por descapotáveis e desta feita andei num BMW 420d Cabrio ainda por cima bem acompanhado, que me permitem um ângulo novo: a perspectiva dele e dela.
Chega o calor e as boas almas que dominam o Autohoje sabem do que gosto: perco-me por cabrios como Cavaco por bolo-rei, Castelo-Branco por visons, Passos Coelho por tintas capilares milagrosas. E vai daí, esta gente generosa marca-me cabrio após cabrio, espécie de Natal mensal para este vosso amigo. Enquanto escrevo esta crónica o brilho ainda não se apagou dos olhos – mistura de encanto e lágrimas: pois, já entreguei o BMW 420d que me calhou em sorte. Mas abusei da dita. Muitos quilómetros ainda por cima bem acompanhado, que me permitem um ângulo novo: a perspectiva dele e dela.
Ele: Isto anda tão depressa que até pareço um piloto!
Ela: Ele anda tão depressa para me impressionar. Mas felizmente o carro transmite absoluta segurança.
Ele: Como é que o BM só consome isto?! Milagre!
Ela: Chiça, o consumo médio é igual ao do Veloster dele. Uau, peraí, eu disse ‘chiça’?!
Ele: Que conforto, que classe, que pinta!
Ela: Os bancos ajustáveis; o design; e faz pendant com a minha roupa!
Ele: Não sou grande apreciador de forrobodó no interior do carro mas este…
Ela: Tira o cavalinho da chuva. Põe o bólide ao sol.
Ele: Pena o corta-vento meio artesanal…
Ela: Este corta-vento protege-me o penteado. Bestial.
Ele: Não há consola como a da BMW e o resto é conversa.
Ela: Quando é que ele se cala?
Ele: Tenho de me fotografar neste carrão.
Ela: Ora vamos lá à 65ª selfie… Baixa a capota!
Ele: Era com isto que sonhava em miúdo…
Ela: Uma afirmação e uma perguntinha, só: 1. O carro não é teu… 2. Cresceste exactamente quando?
Ele: (angustiado) Sem capota, dá demasiado nas vistas.
Ela: (entusiasmada) Sem capota, dá demasiado nas vistas.
Ele: Querida, quando quiseres, mas é mesmo quando quiseres, basta dizeres, uma palavra, um sinal, um olhar, sabes como te conheço, e passas tu para o volante. Vais mesmo querer experi…
Ela: Sai!
Ele: (fingindo-se distraído) É um verdadeiro dois em um: com a capota aberta, um desportivo sedutor; com a dita fechada, um elegante carro de executivo.
Ela: blá blá blá blá, deixa-me conduzir!
Ele: Este pormenor do botão para mandar ventinho na nuca é uma delícia… são 22,30h, continuamos sem capota auto-estrada fora e parece mesmo que são 4 da tarde, incrível. Diria até q…
Ela: Pára. Sai. Dá-me a chave. E o casaco.
Venham mais cabrios e que o Verão seja eterno. Vá, Vinicius de Moraes… pronto, acrescenta lá a tua. “Enquanto dure”.